A constante disputa por novos espaços nas ruas para ciclistas. Esse foi o tema da roda de conversa iniciada às 17 horas de hoje (21/09) na Feira de Mobilidade Urbana e Sustentável (Feira MUS) de 2023. Localizada na Praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, a atividade foi produzida e ministrada pela designer e mestre em planejamento urbano Yasmim Reck (35).
A conversa partiu da dissertação de mestrado de Yasmim, concluída e apresentada no início do mês. Ciclista há 12 anos, vivenciou o esquecimento dos ciclistas nas ruas, o que a impulsionou em sua pesquisa. A tese tem como base levantamentos de ações e iniciativas de implementar as ciclofaixas em Curitiba, entre os anos de 2007 a 2020, como a ciclofaixa pirata, em 2007, e a ciclofaixa temporária, de 2020. Com isso, a mestranda reuniu uma base de dados para elaborar uma linha do tempo das ciclofaixas na cidade.
O intuito do trabalho de Yasmim é incentivar que cada vez mais ciclistas conquistem o espaço desejado e obrigatório por lei, seja ele utilizado para lazer ou trabalho. “Na falta de um lugar declarado para ciclistas, eu entendi a rua como um espaço de disputa. Essa captura do termo ciclofaixa que era a nossa reivindicação virando ciclomobilidade, e a prefeitura implantando coisas que não estão diretamente ligadas às nossas necessidades.”, relata a designer. Os principais objetivos são priorizar o transporte público e sustentável, diminuir o foco no transporte automobilístico e garantir aos pedestres seu lugar ideal nas calçadas. Além disso, a mestre constatou que aos poucos o cicloativismo ganhou mais força, evidenciando a força dos ciclistas nas ruas.
A roda contou com a participação de cerca de 20 ciclistas e pessoas que apoiam essa causa relatando suas perspectivas nas ruas. A luta por ciclofaixas na cidade busca a segurança dos ciclistas, que se dividem entre pedalar pelas calçadas ou na rua com os carros, colocando em risco a sua saúde. Segundo dados do DATASUS, dentre as mortes registradas em acidentes de trânsito em 2021, 5% corresponde à ciclistas. Amanda (20) é estudante de Engenharia Civil e conta que achou a roda muito interessante e importante para discussões sobre a mobilidade urbana da capital paranaense. “É muito importante falar sobre a mobilidade para ciclistas. Porque Curitiba tem essa ideia de que é uma cidade maravilhosa, que a mobilidade sempre funciona, e na verdade é um mito, né? Por trás disso tem muita gente suprimida e esmagada.”, afirma.
Ainda há um longo caminho para que os ciclistas sejam respeitados nas ruas e que se sintam seguros para pedalar pela cidade, mas iniciativas como a de Yasmim, em conjunto com a Feira MUS buscam evidenciar a temática para mais pessoas.
Reportagem de Pietra Hara e Nayara Almeida
Confira a reportagem reportagem feita por Nayara Almeida e Pietra Dissenha Hara para o Jornal Comunicação: