Caminhando na Rua XV de Novembro durante esta semana, as lojas chamam mais atenção do que o comum: os descontos dominam as vitrines para atrair o público. A Black Friday, oficialmente nesta sexta-feira (28), já começa a movimentar os comércios na região central de Curitiba e gerar expectativas em vendedores e clientes. A data criada nos Estados Unidos destinada a descontos se consolidou no Brasil ao longo da última década como um dos períodos mais fortes do varejo.
O gerente geral de uma loja de operadora de celular, Samuel Freitas, conta que nesta segunda-feira (24) as vendas já começaram bem. “A gente está com uma expectativa muito grande porque durante a maior parte do mês muita gente tem vindo fazer orçamento [para compras], e quanto mais anos passam, mais as pessoas estão se acostumando que na semana da ‘black’ realmente tenham promoções e o movimento fique maior.”

As promoções começaram ainda no início do mês, prática adotada por muitas lojas que estendem os descontos para atrair o público ao longo de novembro. Mesmo assim, a maior concentração de compras costuma ocorrer na semana oficial da Black Friday. “É para todo mundo voltar nessa semana, principalmente sexta e sábado, que serão os melhores dias aqui.”
Samuel relata que percebeu um movimento maior desde o último sábado (22). O número de vendas quase dobrou. “Nos sábados geralmente nós fechamos com uma média de seis vendas de aparelhos e dez vendas de plano. Neste último nós fechamos com 12 aparelhos e 19 planos vendidos”, destacou.
A perspectiva também é positiva para o gerente de uma loja de calçados, Milton Harthmam. A empresa adotou a estratégia do “Black November”, com descontos desde o dia 1º. “Fazemos isso para ir vendendo desde o começo do mês”, explica. Outras lojas da região também apostam na “Black Week” [semana] para antecipar o movimento.
Por que comprar em novembro?
Segundo a pesquisa “Sondagem de intenção de compras”, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com o Departamento de Pesquisas da Fecomércio PR, publicada neste mês, uma média de 60% dos curitibanos aguardam a Black Friday para comprar produtos e aproveitar descontos. “A gente quer preços baratos”, resume uma entrevistada que preferiu não se identificar. O movimento das lojas onde Milton e Samuel trabalham ainda acompanha a tendência geral, que mostra que 49% busca eletrônicos e 27,5%, calçados e vestuário.
A estudante Mariana Fillipini vê vantagem em fazer compras nesta época do ano e decidiu adquirir um item que já havia querendo comprar especialmente nesta semana. “Fiquei um bom tempo me preparando pra comprar nessa Black Friday e esperei algum desconto além do que tem no aplicativo. Quando consegui, já finalizei a compra para não perder,” conta a jovem.
Para ela, este é um bom momento para compras porque os preços são melhores, mesmo que haja atrasos devido ao grande número de pedidos. “Tem lojas que têm descontos ao longo do ano, mas espero essa época para dar mais atenção para os valores e finalizar a compra”, disse, “prefiro comprar agora do que deixar para dezembro, quando os preços aumentam no Natal”.
Ainda segundo o estudo do Sebrae, 16% dos curitibanos afirmam adiantar as compras do Natal durante a Black Friday e 34,3% dizem depender da oferta e do desconto. Quase um terço dos consumidores pesquisa preços com antecedência — entre um mês e uma semana antes da data oficial.

Na Rua XV, no Centro de Curitiba, Bárbara Vargas fez compras nesta segunda-feira (24) e afirmou que as vitrines da rua chamam sua atenção, “pela expectativa dos preços menores, de ver uma promoção e aproveitar para comprar presentes”. Porém, ainda vê que a divulgação nem sempre corresponde a um desconto significativo. “As lojas estão mais ou menos com os mesmos preços e os produtos também não são muito diferentes. Não tem nenhuma loja que se destacou”, afirma. Ainda assim, ela observa as vitrines da Black Friday para decidir se vale a pena aproveitar.
Mesmo com a divulgação, as estatísticas ainda mostram uma relutância similar à de Bárbara pelos descontos da Black Friday. Em Curitiba, mais da metade (60,6%) não vê vantagens reais nessa data, número maior do que comparado com 2024.
Reportagem: Isadora Kovalczuk | Edição: Sophia Martinez | Orientação: Gabriel Bozza



