No dia 20 de novembro, a periferia de Curitiba ocupou um espaço central da cidade, as Ruínas de São Francisco. Não foi uma simples ocupação, mas sim uma iniciativa do Núcleo Periférico para celebração do Dia da Consciência Negra.  

O evento reuniu a galera do RAP, funk, reggae e de todo cenário underground da cidade. A programação contou com o grande nome do rap e resistência nacional Dexter com participação do rapper Greggory. Dexter que é ex membro do grupo 509-E ao lado de Afro-X, marcando a memória da geração 1990 com sucessos como Saudades Mil e Oitavo Anjo do álbum “Provérbios 13”. O diferencial do evento esse ano foi a presença de Mc Neguinho do Kaxeta, nome conhecido no funk consciente.  

Mais do que um palco para grandes nomes, o evento, que é conhecido como Sarau Periférico, se configurou como um poderoso ato de reafirmação de direitos e pertencimento. A ação do Núcleo Periférico, coletivo que atua também com assistência social e formação, ressalta a importância de democratizar o acesso à cultura e ao lazer. 

Da região metropolitana ao Centro. Créditos imagem: Thais Castro.

A Voz das Ruínas: Rap e Funk 

A ocupação das Ruínas transforma simbolicamente um patrimônio histórico em um território de resistência viva, celebrando a memória de Zumbi dos Palmares não apenas com festa, mas com a presença concreta da juventude negra.  

A junção entre o Rap e o funk traz uma reflexão poderosa que une duas expressões que são irmãs e, pilares da cultura negra e periférica brasileira. Essa conexão representada por artistas de diferentes vertentes simboliza que a luta racial, pertencimento e a denúncia pela violência transcendem a caixinha que separa esses gêneros musicais. Apesar de possuírem formas diferentes de diálogo, ambas nascem em contextos históricos ligados a população negra, e por essa questão se matem ainda mais ligadas. Independentemente do ritmo, prevalece a unidade cultural e a afirmação de que a periferia está unida em seu objetivo de democratizar o espaço público e reafirmar o valor de suas expressões.  

Mais do que um estilo, cultura periférica representa resistência cultural. Créditos Imagem: Thais Castro.

Playlist Periférica  

O Sarau Periférico não conta com a presença de todos, mas a organização afirma que o evento passará a integrar o calendário cultural, com periodicidade anual. Para que o público ausente possa acompanhar o cenário musical da edição, foi disponibilizada uma lista de reprodução especial construída por repórteres do Jornal Comunicação, com os clássicos do rap nacional e do funk consciente.