Aconteceu no dia 6 de dezembro, sexta-feira, a oficina de criação de minhocas para compostagem, no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ministrada pelo engenheiro agrônomo Moacir Darolt e o estudante Arthur Ferraz, o evento fez parte da 21ª Jornada de Agroecologia, organizada por diversos movimentos sociais — entre eles o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Criada em 2001, a Jornada busca dar espaço para o diálogo entre movimentos sociais, populares, do campo e organizações não-governamentais que atuam no Paraná, com o intuito de luta pela terra e pela reforma agrária, defender a agricultura camponesa, a agroecologia e a educação ambiental.
O poder das minhocas
O processo de compostagem usando a minhoca — denominado vermicompostagem — é mais eficiente do que o método tradicional de deixar material biológico decompor-se sozinho. De acordo com Darolt, com o uso da minhoca, o tempo do processo pode cair de seis para três ou até dois meses. O processo se torna essencial para a agricultura porque o esterco da minhoca, chamado de humus, é extremamente nutritivo e funciona como um bom fertilizante, melhorando a estrutura do solo, a oferta, retenção e reciclagem de nutrientes e aumenta a diversidade de microrganismos benéficos do solo.
“Queríamos mostrar como fazer um minhocário em casa”, explica o agrônomo. “As minhocas são importantes na reciclagem de material orgânico que existe em casa. Os resíduos vegetais normalmente vão para o lixão, isso causa vários problemas, com ratos por exemplo, que poderiam ser evitados.”
“As minhocas são importantes na reciclagem de material orgânico”
Moacir Darolt, agrônomo
A espécie usada é a minhoca californiana (Eisenia andrei). É própria para a compostagem, sendo um tipo de minhoca que come em média o seu próprio peso todos os dias. Isto significa que, se o agricultor adicionar 5 quilos de minhocas californianas no solo, ao final do dia cinco quilos de material biológico serão transformados em hummus. Além disso, essa espécie consegue retirar metais pesados, como o chumbo, do solo.
O minhocário também pode ser uma fonte de renda, já que o local possibilita a geração de novas minhocas por meio da reprodução entre si e elas podem ser posteriormente vendidas, assim como a criação do humus. Na internet, por exemplo, há listagens de uma tonelada de humus sendo vendida por até mil e quinhentos reais.
Outro ponto positivo, como explicado por Darolt, é que o adubo produzido a partir do humus da minhoca é produzido de forma mais rápida quando comparado com o esterco, por exemplo, já que este depende do processo de decomposição.
A iniciativa foi aberta ao público, como medida de incentivar a criação de minhocas pela comunidade. “Vou construir um minhocário”, diz a historiadora Juliane Chiuratto. “Vim para oficina para uma aplicação prática na minha vida: fazer compostagem. Estou até levando minhoquinhas para casa”, conta.
No final da oficina, os participantes que demonstraram interesse pela minhocultura foram presenteados com um bolo de terra com um punhado de minhocas californianas, para dar início a seus próprios minhocários.
Ficha Técnica
Repórter: João Marcelo Simões
Imagens: Fernanda Gomes
Produção: Francielle Lacerda e João Marcelo Simões
Edição: Fernanda Gomes e Maria Flávia Ferreira
Orientação: Cândida de Oliveira