Curitiba inicia nova fase de testes com ônibus elétricos 

Curitiba inicia testes com novos ônibus elétricos, mas o avanço na sustentabilidade contrasta com a realidade de passageiros que reclamam de veículos antigos e tarifas altas no sistema metropolitano e em parte da frota municipal.

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Curitiba deu início a uma nova fase de testes com ônibus elétricos em seu sistema de transporte público. A Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs) está avaliando um modelo da fabricante chinesa Ankai, do grupo JAC Motors, que começou a circular com passageiros na linha 266 – Estribo Ahú, que conecta o Boa Vista ao Centro Cívico e Centro. O período experimental está programado para durar 60 dias e pode ser estendido para outras rotas, caso seja necessário coletar mais dados sobre o desempenho do veículo. 

De acordo com o gestor da área de especificação e inspeção de frota da Urbs, Celso Lucio, o modelo em teste é o Ankai OE-6, um ônibus de 6,7 metros de comprimento com capacidade para 27 passageiros. O veículo é equipado com ar-condicionado e tem autonomia de até 250 quilômetros por carga. A linha selecionada para o teste transporta diariamente cerca de 490 usuários. 

A moradora do bairro Ahú, Ana Claudia Santos, que utiliza frequentemente a linha 266, compartilhou sua expectativa: “Acho importante a cidade investir em transportes mais modernos e que poluem menos. Se for confortável e fresquinho como dizem, vai melhorar muito nossa experiência no dia a dia”. 

A iniciativa integra a estratégia da cidade para reduzir a emissão de poluentes e promover uma mobilidade urbana mais sustentável. O veículo elétrico em avaliação opera de forma silenciosa e sem emissões. Atualmente, a Prefeitura de Curitiba já mantém sete ônibus elétricos em operação regular – seis na linha Interbairros I e um na linha Água Verde –, com previsão de adquirir mais 250 unidades nos próximos cinco anos como parte do projeto de renovação da frota. 

Contraste com o sistema metropolitano 

Enquanto a prefeitura avança na modernização da frota municipal, os passageiros que utilizam o sistema metropolitano, operado pela Metrocard, enfrentam uma realidade diferente. Os ônibus que ligam a região ao centro de Curitiba são frequentemente criticados por seu estado de conservação precário. 

“É bizarro ver a cidade investindo em ônibus elétricos de última geração enquanto a gente precisa conviver com carros velhos, com assentos quebrados e até com formigas e baratas”, relata Marcos Silva, estudante que utiliza diariamente a linha São José dos Pinhais-Centro. 

A situação é agravada pelo valor das tarifas. De acordo com levantamentos da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), a tarifa de Curitiba está consistentemente entre as mais caras do país. O transporte metropolitano opera com uma tarifa de R$ 5,50 no cartão Metrocard e R$ 6,00 no pagamento em dinheiro – valores considerados elevados pela maioria dos usuários, especialmente diante da qualidade do serviço oferecido. 

Problema também atinge o município  

Dentro do sistema municipal, operado pela URBS, que também cobra o mesmo valor pelas passagens, os passageiros igualmente apontam que muitos ônibus não oferecem o conforto esperado. “Os ônibus deixam a desejar, fora os atrasos que atrapalham demais a rotina de quem sai pra trabalhar já cedo”, complementa a auxiliar de cozinha Mayara Teixeira, usuária habitual do transporte coletivo. 

Esta disparidade evidencia os diferentes padrões de qualidade entre o sistema municipal e o metropolitano, mesmo com tarifas equivalentes, levantando questionamentos sobre a priorização de investimentos no transporte público da região.